"Um homem invadiu a escola e disparou contra crianças!" o depoimento ilustra bem (descritivamente) o ocorrido na escola Tasso da Silveira neste fatídico dia 7 de abril, mas em nossas mentes há muito mais.
Casos como estes em Realengo no Rio são horríveis demais para serem aceitos, serem palpáveis por nós, mas quem disse que precisam o ser? São fatos, precisam de personagens, não de observadores para serem horrorosos.
A imprensa claro não deixou por menos e preparou-se para uma cobertura total do fato, no entanto não pude evitar (como todos imagino) pensar eu mesmo sobre o assunto, algo além do informado pela tv e do ensinado por especialistas em programas matinais e cheguei a uma conclusão: existem dois grandes problemas em acontecimentos como estes do Rio de Janeiro, percebi serem eles simples e discretamente terríveis ao virem a tona.
Primeiro a tragédia mostra-nos que ainda somos frágeis, somos de carne, infelizmente se o faz é porque tem de ser muito dura. “não somos de ferro?” Mas percebemos agora que mesmo com mortes aos montes nos noticiários e apesar de tantos psicopatas e assassinos em serie, como o da luz vermelha, maníacos do parque por todo o mundo, ou os "POPs" Ted Bundy e Charles Manson vistos na história e explorados até a cerne na cultura de entretenimento e no jornalismo oportunista. Ainda somos feitos de carne. A conclusão seria um reconforto se não fosse preciso nos martelar para perceber.
O outro grande problema visto em nós com este caso é simples: nos sentimos inconformados com isso, quer-se esmurrar e culpar alguém, e claro buscar soluçoes para nos reconfortar pensando num futuro melhor, mas a verdade é que não há nem haveria nada o que ser feito. Refiro-me a soluções contra o caso: "O homem entrou com armas lá dentro..." pode-se pensar em colocar detectores de metais (sugestão), entretanto, sempre haverá formas de burlar-los, é fácil. Questionara-se então os motivos, "foi bullying?" Não! mas se fosse como em Columbine o que fazer? campanha contra bullying? (uma necessidade) O resultado seria: efeito durante alguns meses, talvez anos, depois de mais algum tempo deterioraria-se, é possível que houvesse uma diminuição de casos permanente, mas mesmo que a sociedade melhore sempre haverá bullying, e basta um caso...
O grande problema senhores, é que se fosse um grupo de traficantes que entraram em fuga na escola e mataram crianças, se fossem terroristas como em Beslan na Rússia, se fossem pessoas conscientes do mal que eram seus atos, que tinham a oportunidade de pensar, refletir, de lembrar de seus filhos, se fosse alguém em quem se possa cuspir na cara e depois gritar "e se fosse seu filho?" nós entenderíamos o que aconteceu, poderíamos odiar-lo, culpar a eles como pessoas (não a seitas, ou organizações), como terríveis cidadãos, pois diante desses monstros encontramos algo em comum conosco e por isso os repudiaríamos ao perceber que eles tinham escolha consciente como nós e escolheram o que fizeram.
Mas neste caso de Realengo ao assassino mostrar-se um louco, até mesmo esse direito nos é tirado, e por mais que o chamemos de demônio, psicopata, sociopata, somos só impotentes, e pior, como o fato já ocorreu (ele matou e ele morreu) não poderíamos fazer nada exceto prevenir para não repetir-se, mas nem isso poderemos fazer. Não foi por bullying nem por facilidade de pegar armas caros leitores, nem culpa duma policia falha, foi simplesmente "ele",individuo com uma doença mental, um defeito demoniacamente humano e natural, questão que não se é dependente de nada além do próprio individuo o "louco"... É isso! E contra isso? Não há programa do governo, nem lei, só algo sutil e discreto que poderia acontecer na mente de todos e assim na sociedade: informação, organização e educação, se houvesse isso o assassino de realengo (sua nova identidade) poderia ter sido identificado como louco por seus antigos professores, ou seus vizinhos, e mais, se o houvesse a sociedade não seria tão violenta, tão fanática em seus recantos obscuros (pois o assassino foi produto disso, era um fanático religioso como os que matam por crença no talibã, jihad e etc. embora nesse caso um cristão) nem seria uma sociedade tão doente e podre (não de toda, mas em partes, essas partes)... No entanto sociedade sem nada disso é utopia, é perfeição, isso é impossível, mesmo para os EUA (como vimos em Columbine) isso é demais.
Essa impotência é altamente incomoda, quando algo de ruim ocorre nos ocupamos do futuro para previnir a reprise do passado, e isso nos reconforta, mas sabendo que nem isso adiantará, esperar pelo mal mais uma vez não é natural, não é natural aceitar... e então continuamos a querer culpados, temos um morto, e com quem gritar? Um gigantesco vazio nos "preenche",e da mesma forma que não achamos resposta para isso esta frase acaba...*
Assim caros leitores observando todo o dito, que acreditem não, não é pessimismo exacerbado, (para provar digo-lhes: esses casos não são comuns em nenhum canto do mundo são apenas notórios em todos eles), e sendo realista sintetizo-lhes, este massacre escancarou nossa mente e nossa sociedade, seus piores males e maiores impotências e logo só nos resta nossa dura e crua realidade. Rezemos para que a próxima vez seja daqui a muito tempo, hoje já sofremos demais...
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*acaba em reticências
Muito bem escrito Marcelo. Mas o que mais achei "legal", foi a carta que ele deixou. Grande estúpido psicopata.
ResponderExcluire o pior lucas é que ele é simplesmente isso!(?) e está morto, que droga!
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