Tiririca leva sua nova profissão a sério enquanto Maluf divertisse numa nova campanha
Maquiavel estava errado, Nietzsche, Goethe, Paulo Freire estavam errados. Por mais que o homem evolua, ele nunca vai deixar de ser um homem.
Se lhe dizem:
“Dê poder a um homem e você verá como ele realmente é”
Sei de uma melhor:
“Dê 30 segundos no horário eleitoral a um homem e você verá o que ele pode tornar-se”
Sinceramente tentei escrever sobre coisas sérias, quem sabe o golfo do México ou a retirada das tropas do Iraque, mas não consegui, após vários dias tentando dormir só pensava em uma coisa, sonhava com uma coisa: Tiririca e suas promessas de campanha. O horário político eleitoral invadiu-me como soma na mente de alguém, uma comédia nonsense muito mais forte que eu e meu senso do que é bom ou ruim, algo que vem do estomago e sobe pela traquéia até ser regurgitado nessa folha (e não poderia ser mais mal cheirosa).
Pensei que após ver um porquinho tocando violino na TV estatal (a TV Brasil) de nosso presidente Luis Inácio Lula da Silva e de sua marionete Dilma Roussef nunca mais veria algo tão curioso, nunca estive tão errado:
Ao ligar nesta sexta-feira a TV e assistir a um jornal nacional reduzido com não mais que 30 minutos... A tela ficou escura, eu já sabia o que viria a seguir, queria tirar, mudar de canal, quem sabe assistir a um excitante leilão no canal do boi, mas não, não pude...Lembrei-me mais uma vez que após dois anos sem ver um dos programas cômicos de maior êxito na televisão brasileira eu não poderia perder-lo agora que voltou, o horário eleitoral gratuito. Certo que o horário político não deveria ser assim (é verdade que eleição é coisa séria)... Deveria ser ainda mais engraçado, se temos o Tiririca porque não Tom Cavalcante, Helio de la Peña, Antônio Palocci e outros cômicos. Pelo menos nos sabemos o que eles farão no poder.
Sinceramente não sou um desiludido e espero que você caro leitor também não o seja, mas quem sempre assistiu ao horário político eleitoral gratuito sabe que quase sempre foi assim. Bem que eu tentei levar a sério, mas quando você começa a o fazer e vê a mulher pêra, a mulher melão e o Batoré pedindo votos, convenhamos, alguns sentimentos estranhos aparecem da ponta do dedão do pé ao seu ultimo fio de cabelo. Na opinião da Dilma Roussef essa brincadeira no horário eleitoral trata-se de um “exercício da democracia”, se ela o disse é porque o Lula disse primeiro, e se ele realmente o disse sabemos o quanto eles entendem do assunto. Chegue perto caro leitor e convenhamos mais uma vez, todos conhecemos a razão de o Tiririca estar ali.
No início não era assim, há vários anos era muito diferente e o horário político era bem pior, não havia palhaços para divertir a eleitores como eu e você, só alguns poucos candidatos a vereador, deputado, senador, presidente etc. prometendo coisas impraticáveis e sem graça – “vou fazer um monte de casas, um hospital novinho...” coisa rara – os níveis de audiência eram baixos demais e as pessoas preferiam desligar a TV e fazer qualquer coisa mais divertida como lamber as pilhas do controle remoto e levar choque, mas alguns grandes homens do marketing tiveram uma idéia brilhante em 1988:
Todo mundo gosta do que é grátis. Afinal ninguém deixa de pegar um cafezinho grátis numa loja, uma caneta de graça no banco, um bloquinho de notas na lotérica, então alguns homens contratados pelo planalto pensavam ardentemente numa sala de uma agência de marketing em Fortaleza até terem a seguinte idéia: “porque não dar o nome de grátis ao horário político, que tal?!: horário eleitoral gratuito! Vão todos adorar!”.
Mas só isso não bastava ninguém bebe cafezinho amargo, ninguém quer programa de graça sem graça nenhuma (desculpa o trocadilho infame) os marqueteiros precisavam de algo que atraísse o povão, então disseram aos partidos:
“Porque os senhores não põem alguns palhaços no horário político intercalado entre a propaganda dos candidatos sérios, e assim o povo vai assistir por Fernando Collor esperando para assistir o Costinha e se votarem neste ainda irão incrementar a base do partido”. Noutras palavras, para fazerem o eleitorado sorrir a toa e continuar grudados na TV precisavam de um palhaço por profissão, diferente de Fernando Collor ou Paulo Maluf um que não nos fizesse lembrar que fomos, ou somos roubados; Ainda tentam colocar censura contra os humoristas?!...você há de convir comigo que se caldo de galinha (gorduroso) e superstição (cega) não fazem mal a ninguém, piada (de coisa séria) não pode fazer, não é?
Quando soube disso tudo pedi permição a mim e mudei a frase de einstein, agora lhes escrevo:
"Politica sem comédia é cega e comédia sem politica é capenga"
Apesar de fatídica ser essa história que lhes contei, não culpe os inventores de uma cassetada eleitoral gratuita pelo fato de hoje você ter o prazer de ver Ronaldo Esper pedindo votos, a política brasileira aceita o absurdo por vocação, basta ver a história distante ou recente. Engraçados ou não muitos candidatos já foram taxados de fora de série e sabemos disso, Tenório Cavalcante (o “homem da capa preta”) e Enéas Carneiro não eram muito comuns, mas para surpresa de alguns (não minha) estão longe de se comparar a absurdos que já ocorreram. Assim se você vai votar no Tiririca, Batoré, Ronaldo Ésper ou (“com prazer”) na mulher melão não ache que esta cometendo um crime contra a seriedade da política, ou se está, pelo menos não o faz historicamente sozinho: em 1956 um rinoceronte do zoológico de São Paulo de nome Cacareco foi o candidato a vereador mais votado de seu estado e em 1988 no Rio de Janeiro o Macaco Tião (muito simpático por sinal) foi o terceiro candidato mais votado para prefeito, sua candidatura foi lançada adivinha por quem?! Pelos humoristas do Casseta e Planeta na então revista Casseta popular. Claro que na época como você se lembra não haviam urnas eletrônicas e por essa razão poderia-se escrever os números que o eleitor quisesse na cédula, era mais divertido. No entanto hoje é diferente, mas para não perder o habito dos animais, temos uma extensa lista já citada de espécies de candidatos (enfaticamente deputados) para serem escolhidos.
Pensem bem, se Ronaldo Esper vai mostrar que vaso “ruim quebra, sim”, a mulher melão vai "dar prazer" e o Tiririca vai nos contar um dos grandes segredos do nosso país “o que um deputado –deve –fazer”, por que não votar neles? Afinal, Tião e cacareco nem eram tão simpaticos assim.